O vigésimo oitavo dia de
expedição começa de forma inusitada. Todos prontos para sair, alguns
antecipando o abastecimento e de repente! Cadê Vitor e Paula? Alguém os viu no
café da manhã? – Não. Liga para o quarto. Toca toca toca toca ............... e
nada. Orlando vai até lá e quase derruba a porta. – Ih, perdemos a hora. O
celular não tocou. Manobra rápida e logo Vitor vai abastecer e a Paula desce
com a mala, passa voando pelo café e vira noticia no blog.
Comboio arrumado vamos
inicialmente para Barra do Chui visitar o Farol de mesmo nome. O Fanara havia
dormido lá e recomendou a visita. Fomos recebidos pelo Sg Paes e tiramos muitas
fotos. Rumamos então para a tão esperada praia onde o desafio seria percorrer
seus quase 250 km sem muitas oportunidades de desistência. Estudei bem o
roteiro e estava ciente de que pegaríamos a maré alta com pouco mais da metade
do caminho mais a previsão de variação de 0,20 cm me tranquilizava. As conchas
do conchal também eram uma incógnita mais informações com o pessoal na praia
também não assustavam. Ao chegar a praia já por volta das 09:00 ela estava
preparada para os banhistas, inclusive com o pessoal da Brigada Militar no
local. Perguntei como acessar e o soldado indicou um caminho que não deu certo.
Enquanto isso ficava eu pensando com os meus botões. Será que vamos ou não
vamos? Entrei na cidade novamente e pelo GPS fui procurando o caminho para
chegar o mais ao norte possível e deu certo pois de repente ficamos com aquela imensidão
de praia só para os carros do comboio.
Agora sim a aventura iria
começar. Uma faixa de areia bem larga e firme, principalmente nas proximidades
da arrebentação não causava maiores dificuldades que não fossem algumas
depressões que dependendo da velocidade faziam o carro saltar. Sabia que teríamos
um trecho curto de praia, cerca de 15 km até Hermenegildo onde pelo meu
levantamento teríamos a ultima opção para abandonar a praia. Passamos este
trecho com tranquilidade e no Balneário a prais estava interditada nos
obrigando a seguir por dentro da localidade nos mesmos moldes do que fizemos em
Barra do Chuí. De novo na praia agora não tinha jeito pois a decisão fora
tomada e Rio Grande era nosso destino. Ainda cruzei com alguns pescadores aos
quais busquei mais informações e só nos restava uma coisa a fazer. Acelerar.
Iamos
procurando as melhores opções ou por perto d’água mais firme ou próximo a
restinga mais fofa porem sem maiores problemas. Já estava com o 4x4 e tentei
colocar a reduzida mais o carro ficou muito preso e logo desisti. A velocidade
podia variar tranquilamente entre 45 e 60 km/h com trechos onde facilmente se podia
chegar aos 80 km/h. Passamos os conchal sem até o conseguir distinguir facilmente.
Vimos um Leão Marinho (ou outra coisa pois não sei identificar corretamente)
que com a aproximação dos carros correu para água. Mais adiante vimos uma coisa
meio difícil de acreditar mais não fui pego de surpresa pois relatos de
travessias anteriores já haviam mencionado o fato. Cruzamos com uma comitiva de
gado sendo conduzida pela praia na altura da arrebentação. Cavaleiros e cães
conduziam cerca de 150 cabeças de gado com a maior tranquilidade. O tempo deu
uma fechada e pensei em pegar chuva mais felizmente ela não compareceu. O
pessoal já estava cobrando um pipi stop e o limite seria com 100 km rodados e
eis que chegamos ao Farol Albardão, bonito e imponente que aparentemente esta
em reforma. Paramos nas proximidades e resolvemos a situação.
Seguimos em frente e passamos por
algumas boias de fundeio que deram a praia. Um estrutura de fibra, que devia
ser de alguma embarcação naufragada também estava espalhada por alguns km de
praia. Mais adiante outro/a Foca que parecia um pouco debilitada pois aceitou a
nossa presença com muita tranquilidade. Continuamos acelerando e com a
confiança dos motoristas a velocidade ia aumentando e a cada salta as garrafas
de vinho de Mendoza diziam presente.
Conforme nos aproximávamos da
Praia do Cassino o trafego aumentava e minha tranquilidade também. Passamos por
Kombi, moto home, caminhão basculante e outros menos cotados. Passamos os
faróis Verga e Sarita menos imponentes do que os demais. Fato interessante
aconteceu a cerca de 50 km quando ao cruzarmos um dos muitos cursos d’água
existentes encontramos um Jeta Argentino que parecia estar meio em duvida do
que fazer. O fato é que a partir deste momento ele foi nos acompanhando até
pararmos no navio mercante Altair, maior destroço atualmente na praia. Muitas
fotos e agora so nos faltava o trecho final a Praia do Cassino e nossa maior
preocupação passou a ser a quantidade de outros veículos 4x2 andando pela
praia.
Fica aqui também registrada a
beleza do visual, principalmente com o voo dos pássaros que decolavam com a
nossa aproximação em uma manobra perfeita com centenas deles, demostrando uma
harmonia perfeita. Fotos e imagens feitas de montão chegamos então a Rio Grande
onde a prioridade seria o embarque na balsa para a travessia a São José do
Norte. Vitor e Paula de despedem do grupo pois ficarão em Pelotas na casa de amigos
por mais alguns dias.
Chegamso a balsa e a fila esta
grande são cerca de 14:00 e com sorte pegamos a das 15:00. Vou fazer uma visita
a um amigo que recentemente foi transferido para Rio Grande e esta comandando o
Distrito Naval. A atribuições do dia dia não concretizaram o encontro mais sua esposa
Sanda nos recebeu muito bem com um gostoso e rápido almoço. Fotos para
registrar o momento e saio rápido para pegar a balsa. Escutei pelo rádio que o
pessoal tinha ido nas das 15:00 com exceção do Boanerges e Paloma que
resolveram seguir para Eldorado do Sul para encontrar sua irmã. Lá chegou bem,
pegou uma piscina e depois muuuuiiitttaaaaa chuva que foi noticia na tv. No dia
seguinte nos encontramos na BR-101 na altura de Laguna.
Cheguei a tempo de pegar a barca
das 16:00 mais colocaram mais caminhões do que o normal e fiquei por 4 carros.
Paciência pois era a última balsa do dia mais devido a demanda com muitos
caminhões resolveram colocar uma extra as 17:00. Ufa.
O comboio que já estava em São
José do Norte abasteceu e seguiu viagem direto por asfalto até Mostardas, não
sem antes comprar um saco de cebolas na estrada para a já tradicional divisão
na pousada. Eu e Cristina cruzamos o canal com uma ameaça de chuva de assustar,
com muitos raios mais para nossa sorte ficou só na ameaça mesmo.
A noite com todos muito cansados
saboreamos um gostosa jantar na Pousada Pouso Alegre com a certeza de que
cumprimos mais uma das etapas do planejamento da viagem e com o desafio de
percorrer TODA a praia de Barra do Chuí a Praia do Cassino vencido.