segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

28º DIA CHUÍ - MOSTARDAS


O vigésimo oitavo dia de expedição começa de forma inusitada. Todos prontos para sair, alguns antecipando o abastecimento e de repente! Cadê Vitor e Paula? Alguém os viu no café da manhã? – Não. Liga para o quarto. Toca toca toca toca ............... e nada. Orlando vai até lá e quase derruba a porta. – Ih, perdemos a hora. O celular não tocou. Manobra rápida e logo Vitor vai abastecer e a Paula desce com a mala, passa voando pelo café e vira noticia no blog.

Comboio arrumado vamos inicialmente para Barra do Chui visitar o Farol de mesmo nome. O Fanara havia dormido lá e recomendou a visita. Fomos recebidos pelo Sg Paes e tiramos muitas fotos. Rumamos então para a tão esperada praia onde o desafio seria percorrer seus quase 250 km sem muitas oportunidades de desistência. Estudei bem o roteiro e estava ciente de que pegaríamos a maré alta com pouco mais da metade do caminho mais a previsão de variação de 0,20 cm me tranquilizava. As conchas do conchal também eram uma incógnita mais informações com o pessoal na praia também não assustavam. Ao chegar a praia já por volta das 09:00 ela estava preparada para os banhistas, inclusive com o pessoal da Brigada Militar no local. Perguntei como acessar e o soldado indicou um caminho que não deu certo. Enquanto isso ficava eu pensando com os meus botões. Será que vamos ou não vamos? Entrei na cidade novamente e pelo GPS fui procurando o caminho para chegar o mais ao norte possível e deu certo pois de repente ficamos com aquela imensidão de praia só para os carros do comboio.

Agora sim a aventura iria começar. Uma faixa de areia bem larga e firme, principalmente nas proximidades da arrebentação não causava maiores dificuldades que não fossem algumas depressões que dependendo da velocidade faziam o carro saltar. Sabia que teríamos um trecho curto de praia, cerca de 15 km até Hermenegildo onde pelo meu levantamento teríamos a ultima opção para abandonar a praia. Passamos este trecho com tranquilidade e no Balneário a prais estava interditada nos obrigando a seguir por dentro da localidade nos mesmos moldes do que fizemos em Barra do Chuí. De novo na praia agora não tinha jeito pois a decisão fora tomada e Rio Grande era nosso destino. Ainda cruzei com alguns pescadores aos quais busquei mais informações e só nos restava uma coisa a fazer. Acelerar.

  Iamos procurando as melhores opções ou por perto d’água mais firme ou próximo a restinga mais fofa porem sem maiores problemas. Já estava com o 4x4 e tentei colocar a reduzida mais o carro ficou muito preso e logo desisti. A velocidade podia variar tranquilamente entre 45 e 60 km/h com trechos onde facilmente se podia chegar aos 80 km/h. Passamos os conchal sem até o conseguir distinguir facilmente. Vimos um Leão Marinho (ou outra coisa pois não sei identificar corretamente) que com a aproximação dos carros correu para água. Mais adiante vimos uma coisa meio difícil de acreditar mais não fui pego de surpresa pois relatos de travessias anteriores já haviam mencionado o fato. Cruzamos com uma comitiva de gado sendo conduzida pela praia na altura da arrebentação. Cavaleiros e cães conduziam cerca de 150 cabeças de gado com a maior tranquilidade. O tempo deu uma fechada e pensei em pegar chuva mais felizmente ela não compareceu. O pessoal já estava cobrando um pipi stop e o limite seria com 100 km rodados e eis que chegamos ao Farol Albardão, bonito e imponente que aparentemente esta em reforma. Paramos nas proximidades e resolvemos a situação.

Seguimos em frente e passamos por algumas boias de fundeio que deram a praia. Um estrutura de fibra, que devia ser de alguma embarcação naufragada também estava espalhada por alguns km de praia. Mais adiante outro/a Foca que parecia um pouco debilitada pois aceitou a nossa presença com muita tranquilidade. Continuamos acelerando e com a confiança dos motoristas a velocidade ia aumentando e a cada salta as garrafas de vinho de Mendoza diziam presente.

Conforme nos aproximávamos da Praia do Cassino o trafego aumentava e minha tranquilidade também. Passamos por Kombi, moto home, caminhão basculante e outros menos cotados. Passamos os faróis Verga e Sarita menos imponentes do que os demais. Fato interessante aconteceu a cerca de 50 km quando ao cruzarmos um dos muitos cursos d’água existentes encontramos um Jeta Argentino que parecia estar meio em duvida do que fazer. O fato é que a partir deste momento ele foi nos acompanhando até pararmos no navio mercante Altair, maior destroço atualmente na praia. Muitas fotos e agora so nos faltava o trecho final a Praia do Cassino e nossa maior preocupação passou a ser a quantidade de outros veículos 4x2 andando pela praia.

Fica aqui também registrada a beleza do visual, principalmente com o voo dos pássaros que decolavam com a nossa aproximação em uma manobra perfeita com centenas deles, demostrando uma harmonia perfeita. Fotos e imagens feitas de montão chegamos então a Rio Grande onde a prioridade seria o embarque na balsa para a travessia a São José do Norte. Vitor e Paula de despedem do grupo pois ficarão em Pelotas na casa de amigos por mais alguns dias.

Chegamso a balsa e a fila esta grande são cerca de 14:00 e com sorte pegamos a das 15:00. Vou fazer uma visita a um amigo que recentemente foi transferido para Rio Grande e esta comandando o Distrito Naval. A atribuições do dia dia não concretizaram o encontro mais sua esposa Sanda nos recebeu muito bem com um gostoso e rápido almoço. Fotos para registrar o momento e saio rápido para pegar a balsa. Escutei pelo rádio que o pessoal tinha ido nas das 15:00 com exceção do Boanerges e Paloma que resolveram seguir para Eldorado do Sul para encontrar sua irmã. Lá chegou bem, pegou uma piscina e depois muuuuiiitttaaaaa chuva que foi noticia na tv. No dia seguinte nos encontramos na BR-101 na altura de Laguna.

Cheguei a tempo de pegar a barca das 16:00 mais colocaram mais caminhões do que o normal e fiquei por 4 carros. Paciência pois era a última balsa do dia mais devido a demanda com muitos caminhões resolveram colocar uma extra as 17:00. Ufa.

O comboio que já estava em São José do Norte abasteceu e seguiu viagem direto por asfalto até Mostardas, não sem antes comprar um saco de cebolas na estrada para a já tradicional divisão na pousada. Eu e Cristina cruzamos o canal com uma ameaça de chuva de assustar, com muitos raios mais para nossa sorte ficou só na ameaça mesmo.

A noite com todos muito cansados saboreamos um gostosa jantar na Pousada Pouso Alegre com a certeza de que cumprimos mais uma das etapas do planejamento da viagem e com o desafio de percorrer TODA a praia de Barra do Chuí a Praia do Cassino vencido.

Agora é percorrer o pouco mais de 1800 km até nossa casa em Niterói e dois dias com segurança e tranquilidade. Amanhã o Guilherme e Angela seguem para Gramado e Canelas e Andrá e Maria Lucia seguem para fazer o trecho em três dias.